Ieda de Oliveira é doutora em Letras pela USP com a tese "O contrato de comunicação da literatura infantil e juvenil", ed. Nova Fronteira, pela qual recebeu o selo Altamente Recomendável da FNLIJ e o prêmio José Guilherme Merquior, de crítica literária, da UBE. Escritora com várias obras de ficção e teóricas publicadas, merecem destaque “Emmanuela”, da ed. Saraiva, finalista do prêmio Espace Enfants, na Suíça, e ganhadora do prêmio Adolfo Aizen de Literatura Infantil, e a série “O que é qualidade em literatura infantil e juvenil”, ed. DCL, ganhadora do Altamente Recomendável da FNLIJ e referência nos estudos de literatura infantil e juvenil, além de "As cores da escravidão", ed. FTD, finalista do prêmio Jabuti e publicada no catálogo White Ravens 2014, onde foram apresentados os melhores livros infantis e juvenis do mundo, lançados em 2013. Seus livros - ela já publicou mais de 25! - a levaram a muitos eventos literários no Brasil e no exterior, inclusive como conferencista, e têm sido adquiridos por programas de governo como o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).
Literatura Infantil: Em primeiro lugar, quero agradecer a Ieda de Oliveira por conceder a entrevista para o blog. É sempre um prazer pra mim, como contadora de histórias, conhecer novos autores de Literatura Infantil.
Autora:
O prazer é todo meu.
Literatura Infantil: O seu novo livro, “Folclore em versos: Delícias do Brasil”, da ed. Zit, é o resultado do encontro entre a arte literária e a arte culinária. A união das duas artes nos brinda com um maravilhoso livro de versos e até receitas. Conte-nos um pouco sobre ele.
Autora:
Quis fazer algo diferente, de uma maneira diferente. Além de fazer versos que falassem das comidas que existem no Brasil, quis também trazer receitinhas e um bate-papo sobre a importância da qualidade dos alimentos. Unir as duas artes numa única atividade lúdica. Fui uma criança que adorava brincar de fazer comidinha e festa de bonecas. Meu pai compreendeu essa vontade e me ajudou a cozinhar de verdade. Comprou um pequeno fogão pra mim, me ensinou a manusear com total segurança sob sua supervisão e eu fazia um monte de comidinhas. Acabei virando promoter das festas de bonecas das minhas amiguinhas. Sempre adorei inventar palavras, histórias e músicas. Acho que foi ali, inconscientemente, que se deu essa fusão das duas artes: a culinária e a literária. Como escritora hoje, que escreve para a infância, trago parte da minha para meus livros.
Literatura Infantil : Entre os vários livros já lançados por você, o que me chamou mais atenção foi “ O Cheiro da Morte e outras histórias”, da ed. Biruta. Pelo título, já pensei em algo macabro. Ao ler alguns trechos, percebi que a história é de arrepiar, sim, mas repleta de amor. Então é verdade que um livro não se julga pelo título?
Autora:
O título é sempre difícil de se definir, principalmente num livro de contos. Esse livro O cheiro da morte e outras histórias, (título de um dos contos) em sua primeira versão se chamava Contexto sinistro histórias fantásticas. Mesmo sendo contos que apresentam sentimentos como amor, medo, inveja etc, prevalece o "extraordinário" o que não tem explicação racional para acontecer, mas acontece e não temos como explicar à luz da razão.
Literatura Infantil: O livro “As Cores da Escravidão” conta-nos a história do personagem Tonho. Em um dos momentos, ele percebe que não era o Marquês de Marabá, voltando-se para a sua realidade. Houve aqui uma intertextualidade com a figura do gato?
Autora:
Sim, há uma intertextualidade com O gato de botas e uma sinalização para as várias possibilidades associativas com a figura do gato, que como sabemos, entre outras coisas, é o nome que recebem os aliciadores de pessoas para o trabalho escravo rural.
Literatura Infantil: No Brasil, sabemos que a leitura, infelizmente, não é um hábito da população geral. Quantos livros, em média, você lê por mês? E qual está lendo agora?
Autora:
Entre dois e três livros por mês (se estiver de férias o número aumenta consideravelmente) e vários a artigos e ensaios ligados a assuntos que esteja pesquisando no momento. Atualmente leio O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, de Haruki Murakami, e faço pesquisa (ainda em segredo) para meu próximo livro.
Literatura Infantil: Pode nos contar um pouco sobre seu trabalho teórico associado à literatura infantil e juvenil?
Autora:
Durante muitos anos atuei como professora de Teoria da Literatura porque sempre me interessou o fenômeno literário como um todo. Quando comecei a escrever profissionalmente para crianças e jovens, senti necessidade de pesquisar sobre esse tipo de produção, tão específico e tão mal compreendido. Pesa ainda, infelizmente, sobre a literatura infantil e juvenil um equívoco olhar pelos que a consideram uma produção menor, inferior à produzida para adultos. Esse fato me levou a uma pesquisa que resultou numa tese de doutorado defendida na USP e que recebeu dois importantes prêmios literários. À luz do conceito de contrato de comunicação da análise semiolinguística do discurso, pude demonstrar que a literatura infantil e juvenil tem regras próprias de produção, diferentes das da literatura produzida para adultos e que isso não a torna inferior. E, se foi assim considerada, foi por ter sido avaliada a partir de conceitos não aplicáveis a ela. A qualidade da literatura infantil e juvenil não pode ser mensurada por comparação à produzida para adultos, mas a partir dela mesma. Além da minha tese, O contrato de comunicação da Literatura infantil e juvenil, originalmente publicada pela ed. Lucerna, organizei a série O que é qualidade em literatura infantil e juvenil- com a palavra: o escritor; depois, com a palavra o ilustrador; e, por último, com a palavra o educador, pela ed. DCL.
Literatura Infantil: Toda quarta-feira, em meu blog, publico um quadro com perguntas de leitores sobre alguns livros infantis. Uma vez, me perguntaram se eu conhecia um livro para crianças que falasse sobre a morte, e uma de suas obras, "Emmanuela", toca justamente no delicado tema. Por favor, fale um pouco a respeito desse livro aos meus leitores.
Autora:
Esse livro foi muito difícil pra mim. Nunca havia parado para pensar a morte. Decidi encarar o desafio e para isso precisava sentir de perto o desamparo e impotência que ela provoca. Defini que meus personagens seriam crianças, que teriam a surpresa de ter de conviver com a morte iminente de um irmão. A partir daí, com a autorização da direção de um hospital de cardiologia, comecei, como voluntária, a frequentá-lo e ajudar no que fosse possível. Ali convivi com a dor de pais, de crianças que sofriam com doenças cardíacas, algumas com pouca ou nenhuma chance de sobrevivência. Foi um período de intenso sofrimento e aprendizagem que durou cerca de um ano. Depois, levei mais quatro anos digerindo tudo que tinha visto e vivido lá. Quando sentei para escrever o texto, levei quinze dias. O livro foi bem recebido pela crítica, inclusive no exterior (foi finalista no Prix Espace Enfants, na Suíça), pelos leitores e me deu condições de um profundo amadurecimento como pessoa e escritora.
Literatura Infantil: Um escritor (a) deve manter para sempre seus valores ou pode mudar de opinião, já que ele (a) viaja nas histórias?
Autora:
É preciso definir o que se considera como valor. Para mim existem elementos de convivência que considero imutáveis como: respeito ao outro, delicadeza, honestidade, sinceridade, amor. Tento em minha prática diária mantê-los comigo. Se um texto é escrito por mim, é natural que eles transpareçam.
Quanto à opinião, acho que pode e deve ser mudada, se for equivocada ou incompleta.A gente deve ter sempre a mente aberta para ouvir o que o outro tem para dizer e, se for o caso, aprender com ele.
Literatura Infantil: Qual o papel da leitura para a criança, na sua opinião, com relação à compreensão do mundo?
Autora:
A Leitura é condutora de sonho e de partilha. Ler e ouvir histórias são caminhos para a compreensão do mundo.
Literatura Infantil: Agradeço seu tempo e disponibilidade para responder as perguntas. Gostaria de deixar um recado aos leitores, antes de encerrarmos a entrevista? E onde eles poderão encontrar seu novo livro, "Folclore em versos: Delícias do Brasil"?
Autora:
O livro pode ser encontrado nas livrarias virtuais ou no site da editora Zit: http://ziteditora.com.br .
Para estar comigo:
É só curtir minha página no facebook
ou visitar meu blog
Meu recado para os queridos leitores:
Não percam uma única oportunidade de fazer alguém feliz!
Um beijo a todos.
É bem simples Complete a frase. Eu gostaria de ganhar esse livro, porque...........
Deixe sua frase no comentário. Enviarei à autora para que escolha a melhor resposta.
O sorteio será na próxima quinta-feira dia 27 /08/15
Bora participar?
Imagem concedida pela assessoria de imprensa
Muito bem!! Adorei
ResponderExcluirBeijinho e uma excelente semana.
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Muito interessante.
ResponderExcluirLiteratura infantil é muito legal.
Bjs
Histórias, estórias e outras polêmicas
Ah quero ganhar esse livro para que a criança emburrada, possa comer
ResponderExcluirtudo sem fazer cara
ótima entrevista, bjs Rute
Ru, já voltaste de Porto Alegre?
ResponderExcluirAmei a entrevista, legal saber um pouco dos atores de literatura infantil
Eu gostaria de ganhar esse livro porque, ele com certeza, me fará voltar a infância.
Ru , minhas netas, lhe mandam beijos
Amada, saudades de você
ResponderExcluirParabéns pela entrevista.
Amada, saudades de você
ResponderExcluirParabéns pela entrevista.
Maravilhosa entrevista Rute
ResponderExcluirParabéns pela qualidade das perguntas e claro das respostas da autora. E claro aguçou a minha curiosidade para conhecer o livro
Muitas bênçãos e amor na sua trajetória! Que os seus caminhos estejam atapetados com lindas pétalas de flores
Um dia maravilhoso para você
Beijos
Pelo tema ser delícias do Brasil, acredito que, a autora viajou pelo nordeste, centro-oeste, Sul e muito mais, para escrever esse livro, curiosa estou por isso quero ganhar.
ResponderExcluirBeijos
Ah, delicias do Brasil, deve se rum livro com rimas e ótimas receitinhas, acho que deveria ganhar, com certeza iria fazer alguns docinhos ou comida- conforme o livro.
ResponderExcluirBeijos Rute
Parabéns pela entrevista, Rute e parabéns pelas respostas Ieda
ResponderExcluirAcho que deveria ganhar o livro por amar culinária e literatura