Literatura Infantil: O Rei que não respondia perguntas -Cintia Amorim-Última parte

domingo, 7 de junho de 2015

O Rei que não respondia perguntas -Cintia Amorim-Última parte

Historia Infantil com Rimas
Cintia Amorim
Exibindo salominho.png

Quando o decreto foi anunciado no reino houve uma tremenda confusão. As pessoas ficaram desesperadas. Ninguém tinha o costume de perguntar nada. Ninguém tinha a menor curiosidade.
            - Mas o que eu vou perguntar? – perguntou uma senhora.
            - Mas como deve ser esse questionário? – preocupou-se o comerciante.
            - As perguntas devem ser longas ou curtas? – interessou-se a professora.
            Foi um tremendo reboliço. Só se via na cidade pessoas com papel na mão. Gente olhando para o céu e tentando imaginar algo para perguntar ao rei. O reino inteiro começou a sofrer de dor de cabeça. As filas dos hospitais triplicaram. Todo mundo queria tomar remédio para cefaléia.
            E o prazo expirou. O rei mandou seus oficiais recolherem os questionários do povo. Uma tremenda decepção. Em meio a toda aquela gente, só havia três perguntas, de três pessoas diferentes:
- Mas o que eu vou perguntar? – era a pergunta de uma senhora.
            - Mas como deve ser esse questionário? – era a pergunta de um comerciante.
            - As perguntas devem ser longas ou curtas? – era a pergunta de uma professora.
            O rei ficou novamente furioso. Mandou construir um enorme presídio. Iria colocar todo mundo na prisão. A notícia espalhou-se entre a população. O povo ficou desesperado:
            - Mas, espera aí, como é que o rei tem dinheiro para construir uma cadeia tão grande e não tem dinheiro para aumentar o hospital?
            - E se todo mundo for preso, quem é que vai servir ao rei? Será que ele sabe fazer alguma coisa sozinho?
            - E se um reino inimigo atacar, quem é que vai defender Vossa majestade?
            - Quem é que vai plantar, quem é que vai ordenhar as vacas para o rei tomar o leitinho dele de manhã?
            A população começou a se revoltar contra o decreto real. Não admitiam tamanha tirania. O rei não podia, simplesmente, mandar todo mundo para o xilindró. O povo se reuniu em frente ao palácio. Organizaram um protesto. Elegeram um representante. Pediram uma audiência pública com Salominho.
            O rei compareceu prontamente. O representante fez a primeira pergunta:
            - Mas o que é isso, majestade, vossa alteza perdeu o juízo? Como é que pode querer prender toda a população?
            - Vou prender todo mundo sim. Vai todo mundo para o xadrez. Vocês não obedeceram ao decreto real. Pagarão com a liberdade.
            - E quem é que vai construir esse megapresídio? – perguntou o representante.
            - Vocês, ora bolas. Vocês construirão o presídio, depois vão para dentro dele.
            - Mas isso é um absurdo. O senhor não tem consciência? E como eu vou cuidar dos meus três filhos? – revoltou-se um camponês.
            - Deixei de saber, o problema é de vocês. Eu só sei que pedi a vocês que pensassem em cinco perguntas. Ninguém pensou, agora vão ter tempo de sobra para exercitar o cérebro atrás das grades.
            A multidão ficou inconformada. Logo, uma enxurrada de perguntas caiu sobre o rei. As pessoas queriam saber com que dinheiro iriam construir o presídio. Onde é que seria construído. Perguntaram sobre o risco de guerras.
            O rei começou a ficar satisfeito. Tinha agora um monte de perguntas para responder. Acalmou o povo:
            - Está vendo, não é tão difícil assim fazer perguntas. Vejam, eu já anotei umas cinqüenta em meu caderno real. Farei um acordo com vocês. Darei um indulto. Vocês terão mais um mês para apresentar as perguntas que requeri. Agora quero que pensem de verdade, se esforcem. Quero cinco perguntas originais de cada habitante. Prestem atenção, mais um mês, senão mando todo mundo para a prisão.
            Salominho então convocou todos os professores do reino. Eles tinham o prazo de um mês para estimular o povo a fazer perguntas.
- Preciso da ajuda de vocês. Quero que me ajudem a estimular o povo a fazer perguntas.
Foi uma revolução. Na escola, ao invés de os alunos responderem a enormes questionários, eles foram estimulados a elaborar questionários. Tinham de pensar muito. Colocar o cérebro para funcionar.
- Nossa, professora, às vezes perguntar é mais difícil que responder. – questionou uma aluna.
- Realmente. É mais fácil responder um monte de perguntas bobas, dentro de um texto, que elaborar nossas próprias perguntas, com nossas próprias palavras. – completou outro.
Aos poucos, a dor de cabeça do povo foi passando. O cérebro começou a se acostumar com o trabalho.
Findo o prazo de um mês, a maior parte da população deu conta de fazer cinco perguntas ao rei, que teve muito trabalho, porém, muito prazer em respondê-las. Àquelas perguntas que ele não tinha resposta imediata, o rei pediu um prazo maior para responder. Convocou seus sábios conselheiros. Pediu ajuda.
E assim, no reino do rei Salominho, as pessoas criaram o hábito de perguntar, de questionar, de ter curiosidade. Foi uma tremenda revolução.

Bem, eu comecei dizendo que essa é uma história triste. E é mesmo. Quer saber por quê? Pense um pouquinho. Se não conseguir achar respostas, elabore uma pergunta e envie-me, terei o maior prazer em te responder.

FIM

7 comentários:

  1. Bom dia Rute
    Fantástico texto!!

    Bom Domingo, beijo

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Amei a história contada, parabéns Cintia

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  3. Boa tarde Rute.
    Uma bela historia de Cíntia. Uma linda semana as duas. Abraços.

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  4. Gostei de ler este belo texto.
    Um abraço e bom Domingo.

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  5. Um texto gostoso de se ler Rute ! A curiosidade nos leva a descobrir coisas, e a desvendar nos mesmo ... Deixo um super beijo e desejo uma ótima semana !

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  6. Muito bom o texto Rute!!! Amei!!!
    Beijos e beijos

    http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/

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  7. Muito boa a história. Então posso fazer a pergunta aonde ?
    Super beijos.

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