Literatura Infantil: O Rei que não respondia perguntas-Cintia Amorim- 1ª Parte

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Rei que não respondia perguntas-Cintia Amorim- 1ª Parte

Historia Infantil com Rimas
O Rei que não respondia perguntas-Cintia Amorim
Esta é uma história triste. É a história de um rei que não respondia perguntas. Não que ele não soubesse respondê-las, muito ao contrário, o rei era inteligentíssimo. O problema é que em seu reino ninguém perguntava nada. Absolutamente nada. Ninguém tinha curiosidade ou interesse em aprender coisas novas.
            A história começa assim: rei Salominho, quando criança, padecera de grave enfermidade. Ele ficara muito fraco e sua vida estivera por um fio. Durante seu tratamento, os médicos aconselharam seus pais a não deixá-lo sair de seu quarto. Qualquer contaminação poderia ser fatal.
            O menino, então, cresceu entre quatro paredes. E sua maior diversão era a leitura. Ele lia de tudo, de dicionário a enciclopédias, de poesias a anúncios de supermercados. Salominho era um leitor voraz.
            Depois de muito tempo, quando já estava adulto, finalmente sarara de sua enfermidade. Ele estava livre para sair e conhecer o mundo. Mas seus pais, sempre muito zelosos e temerosos, impediam-no de sair. Não queriam correr qualquer risco.
            Salominho, então, ficava da janela do palácio contemplando o extenso reinado. Tudo aquilo, um dia, estaria sob seu controle.
            Certa vez houve um sério acidente. Os pais de Salominho, ao retornarem de um encontro diplomático com reis de reinos próximos, caíram em um precipício. O cavalo que puxava a carruagem assustou-se com uma tartaruga que passeava distraidamente pelo caminho. O cavalo saiu em disparada e caiu, com carruagem e tudo, pelo desfiladeiro.
            Salominho, ao saber da trágica morte de seus pais ficou muito triste. Agora teria de assumir a responsabilidade por tudo. Herdara o reino.
            A primeira providência do rei foi conhecer seu reinado. Chamou os sábios conselheiros reais e pediu que lhe falassem sobre cada detalhe do reino: a economia, os costumes do povo, as festas religiosas, os principais problemas, etc.
            Depois de ser brilhantemente instruído, Salominho foi ver de perto tudo aquilo que aprendera. Foi conferir a teoria na prática.
            O rei ficou encantado, era a primeira vez que tinha contato com o povo.  Achou interessante a vida da população. Admirou-se com algumas obras públicas, mas também conferiu de perto alguns problemas. Havia muitas carências.
            Salominho novamente trancafiou-se no palácio, mas desta vez para organizar um grande projeto. Queria saber o que a população pensava, quais eram suas principais necessidades, quais as suas dúvidas.
            O rei elaborou um excelente questionário. Havia trinta perguntas para serem respondidas pela população. E no final, um espaço para a população perguntar o que quisesse.  Seria a vez de o rei responder.
            O questionário foi entregue e, depois de dois meses, os oficiais do rei trouxeram as respostas. Salominho ficou muito satisfeito, montou uma equipe excelente e começou a analisar os documentos.
            Quase todas as perguntas haviam sido respondidas pela maior parte da população. Mas um fato estranho intrigou Salominho. Não havia dúvidas, melhor dizendo, ninguém perguntou nada ao rei.
            Salominho ficou incomodado. Chamou os oficiais que haviam aplicado o questionário ao povo. Brigou com eles. Acusou-os de terem trabalhado mal.
            Os oficiais defenderam-se. Disseram que haviam sim, aplicado o teste como haviam sido instruídos. O fato era que o povo não tinha nada para perguntar. Não tinham dúvidas.
            Salominho não acreditou. Mandou que o questionário fosse reaplicado.
            - Somente a parte das dúvidas do povo. Quero saber o que meu povo tem a me perguntar. – orientou.
            Passado mais um mês, eis o resultado. Não havia dúvidas. Ninguém queria saber nada.

BUSCANDO RESPOSTAS

É claro que o rei ficou perturbado com aquela situação.
            - Como pode um povo ser tão sem curiosidade? – intrigou-se Salominho.
            Resolveu ir pessoalmente conversar com a população. Chamou alguns criados e partiu para a praça principal do reino. Lá havia um mercado que sempre estava cheio.
            Salominho começou a se aproximar das pessoas. A princípio, elas ficaram muito assustadas, nunca tinham visto o rei assim, tão de perto, ainda mais puxando conversa.
            Salominho interrogou um comerciante:
            - Olá, sou seu rei e gostaria de saber se o senhor tem alguma dúvida a respeito do reino. Alguma pergunta que queira me fazer.
            O comerciante pensou, pensou e respondeu:
            - Não majestade, não tenho pergunta alguma.
            - Mas nenhuma? Tem certeza de que o senhor não quer saber nada? Dou-lhe um tempo para pensar.
            O rei esperou pacientemente por quinze minutos. Perguntou novamente ao comerciante. A resposta foi a mesma. Não havia nada que o homem quisesse saber.
            Salominho achou estranho, mas preferiu conversar com outra pessoa. Aproximou-se de uma senhora que estava sentada no banco da praça, aparentemente esperando alguém.
            O rei apresentou-se e perguntou:
            - A senhora tem alguma dúvida sobre o reino? Alguma pergunta que queira fazer, alguma curiosidade?
             A resposta foi a mesma. A bondosa senhora não queria saber nada.
            O rei levantou-se. Foi para um outro ponto da cidade. Parou em frente a um hospital. A fila para consulta era enorme. Interpelou uma jovem mãe que aguardava atendimento com seu filho no colo.
            - Bom dia, sou o rei Salominho.  Gostaria de saber se a senhora tem alguma pergunta a me fazer, alguma curiosidade, alguma dúvida a respeito do reino, ou até mesmo sobre o rei?
            A jovem mãe pensou, pensou e, por fim, com a cabeça meio dolorida, respondeu:
            - Não majestade, não tenho nenhuma dúvida.
            - Mas nenhuma curiosidade? Nem mesmo quer saber por que tem de ficar tanto tempo esperando na fila do hospital?
            - Bem, minha mãe sempre disse que a vida é assim mesmo. Pobre enfrenta fila para tudo. Como eu sou pobre, acho que é normal ter de esperar por uma consulta. – respondeu a jovem.
            O rei começou a ficar triste. Mas não desanimou. Visitou um dos médicos do hospital. Apresentou-se. Logo então perguntou:

            - O senhor tem alguma dúvida a respeito do reino, do mundo, da vida, a respeito de qualquer coisa?
Segunda parte da história  amanhã (sábado)
 Visitem o blog da Cintia http://historiainfantilcomrimas.com/

9 comentários:

  1. Nossa que história bacana Rute, parabéns a Cintia

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  2. Curioso, para saber o que vai dar isso ai?

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  3. Linda eu fui ao casarão e vc, não estava, estás a viajar não é mesmo?
    Bom descanso. beijos
    Hum...parabéns a Cintia, vou visitar o blog dela

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  4. Hummm que história linda :-)

    Beijos-visite-http://quadrasepensamentos.blogspot.pt/

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  5. Boa tarda Rute.
    Que historia interessante. Parabéns a Cíntia. Um lindo fds.
    Beijos.

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  6. Fantástico Rute!

    beijo, bom fim de semana.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  7. Muito bom realmente. Viajei na história e fiquei me remetendo ao lugar e a sociedade do conto. Ótima semana Rute, continue sendo esta pessoa bem sucedida. Super beijos.

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  8. E por vezes as pessoas são assim tb, ficam inertes não perguntam, não questionam, e se não perguntam nunca vão ter uma resposta.

    bjokas =)

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  9. Uma bela história e muito bem escrita, gostei de ler.
    Um abraço e bom fim de semana.

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